Seu vulto desapareceu no areal. Professor ficou com as palavras presas, um nó na garganta. Mas também achava bonito Boa-Vida andar assim para a morte para não contaminar os outros. Os homens assim são os que tem uma estrela no lugar do coração, E quando morrem o coração fica no céu, diz o Querido-de-Deus. Boa-Vida era um menino, não era um homem. Mas já tinha uma estrela no ligar do coração. Já desapareceu o seu vulto. E então a certeza de que não mais verá seu amigo encheu o coração do professor. A certeza de que o outro ia para a morte.
[...]
Boa-Vida voltou magro, a roupa dançando no seu corpo. A cara agora estava toda picada.
Os outros o olharam ainda com receio quando naquela noite ele entrou no trapiche. Mas o professor andou logo para ele.
[...]
Professor olhou o peito de boa vista. Estava todo picado da varíola. Mas no lugar do coração o professor viu uma estrela.
Uma estrela no lugar do coração.
Capitães de areia
Jorge Amado , págs. 149 - 151
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